A
Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste reuniu, nas Caldas da
Rainha, no passado dia 11 de Março, para apreciar o conjunto de
medidas que o Governo pretende concretizar, no âmbito do Plano de
Investimentos em Infraestruturas-Ferrovia 2020, para proceder à
modernização deste troço ferroviário, objectivo há muito
reivindicado pelas populações, agentes económicos e autarcas.
O
documento divulgado publicamente pelo Ministro do Planeamento e
Infraestruturas, no passado mês de Fevereiro, aponta para um
investimento no valor de 106,8 milhões de euros, na
modernização da Linha, incluindo a electrificação e intervenção
nos sistemas de sinalização e telecomunicações e na criação de
desvios activos e de pontos de cruzamento para comboios de
750m, mas somente no troço entre Meleças e Caldas da Rainha. O
prazo de conclusão está previsto para o 2º Trimestre de 2020.
Desde
logo, ressalta o facto de a intervenção prevista, omitir por
completo o restante troço da Linha do Oeste, entre Caldas da Rainha
e o Louriçal, bem como a ligação à Figueira da Foz, o que amputa
por completo o efeito positivo da intervenção que venha a ser feita
entre Caldas da Rainha e Meleças, em termos de operacionalidade, já
que forçosamente, se vierem a ser utilizadas composições
eléctricas nesta parte da Linha – o que se espera que aconteça!
-, no caso do transporte de passageiros continuará a existir a
absurda situação da mudança de comboio nas Caldas da Rainha de ou
para uma composição a diesel.
Ou
seja, no caso dos percursos inter-regionais, não haverá uma redução
do tempo de viagem, questão fundamental para tornar o transporte
ferroviário de passageiros mais competitivo que o transporte
rodoviário.
Por
outro lado, se entendermos a questão no plano do meio de transporte
ferroviário regional ou suburbano, dadas as características actuais
da linha, de via única e traçado sinuoso e lento, não se afiguram
igualmente vantagens do plano de modernização tal como ele se
apresenta.
Mesmo
na perspectiva do transporte de mercadorias - aliás aquela que
parece ser a única que suporta todo o Plano de Investimentos em
Infraestruturas-Ferrovia 2020 – não haverá redução de custos,
já que a ausência de electrificação a norte das Caldas da Rainha,
fará com que continuem a ser utilizadas as composições a diesel.
Com
este quadro, a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, considera
que o investimento na Linha do Oeste, que o governo apresentou, é
manifestamente insuficiente para ultrapassar e resolver
definitivamente os estrangulamentos estruturais que a mesma apresenta
e que a não serem eliminados, farão com que esta se mantenha numa
situação de subaproveitamento.
Esta
Comissão, considera indispensável que o Governo encontre os meios
financeiros que suportem a revisão do plano de investimentos para a
Linha do Oeste, de modo a que a intervenção de modernização se
não fique pelo troço entre Meleças e Caldas da Rainha, mas se
estenda daqui até ao Louriçal, com ligação à Figueira da Foz.
Desde
já, manifesta a sua disponibilidade para, em conjunto com as
Autarquias, populações e outras entidades, levar a efeito as
adequadas diligências que levem o Governo a dar resposta às
pretensões fundamentais de fazer da Linha do Oeste um instrumento
fundamental de desenvolvimento económico e social da Região e um
eixo estratégico da rede ferroviária nacional.