CONCENTRAÇÃO DE UTENTES E AMIGOS
DA LINHA DO OESTE
PELA MODERNIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
CONTRA A SUPRESSÃO DE COMBOIOS
No decorrer da concentração em frente ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas, no passado dia 26 de Julho, uma delegação da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, foi recebida por assessores do Ministro do Planeamento e do Secretário de Estado das Infraestruturas, a quem entregou um documento, intitulado "PREOCUPAÇÕES E PROPOSTAS SOBRE A LINHA DO OESTE", que fica aqui integralmente reproduzido.
PREOCUPAÇÕES
E PROPOSTAS
SOBRE
A LINHA DO OESTE
Exmo.
Senhor
Ministro
do Planeamento
e
Infraestruturas
A
Linha do Oeste continua sujeita à supressão de comboios, provocada
pela falta de material circulante, cada vez mais envelhecido e sem
possibilidade de reparação ou substituição, fazendo com que
diariamente os passageiros fiquem sujeitos a períodos de espera
prolongados pelo comboio seguinte ou sejam transportados em
autocarros com percursos que demoram muitas das vezes o dobro do
tempo, não respeitam os horários e encarecem os custos de
exploração da CP.
Desde
o início de 2017, os passageiros passam por um verdadeiro martírio,
já que estão sistematicamente sujeito à incerteza de haver ou não
haver comboio e sem qualquer informação ou pedido de desculpas por
parte da CP porque, como se sabe, a grande maioria das estações e
apeadeiros, estão encerrados ou não têm guarnição e é
inexistente qualquer serviço electrónico de indicação dos
horários, alterações ou supressões.
Quando
se confirmava um consistente crescimento da procura de passageiros
pela Linha do Oeste, com um crescimento entre 2013 e 2016 de mais de
70 mil utentes, começou a ocorrer um ciclo imparável de supressões
de comboios, com início em Janeiro de 2017 que decorrido mais de ano
e meio, não tem fim à vista, por ausência de condições da CP
para resolver, no imediato, o gravíssimo problema da falta de
material circulante.
Problema
que era de todo previsível vir a surgir, porquanto dada a idade
muito avançada do material circulante a diesel, a sua utilização
abusiva por ausência de unidades suficientes e as dificuldades na
sua manutenção e reparação, a ausência de investimento em novo
equipamento, mais tarde ditariam períodos de crise aguda, como a que
presentemente constatamos.
Ainda
que parecendo contraproducente a aquisição de novo material
circulante a diesel, face à estratégia de electrificação das vias
férreas ainda não abrangidas, a realidade veio provar que teria
sido de todo acertado dotar a CP dos meios necessários para a
aquisição de novas composições, face aos atrasos significativos
na concretização dos projectos de modernização das linhas férreas
não electrificadas, como a do Oeste.
Ter-se-iam
evitado prejuízos, constrangimentos, degradação do serviço
prestado e da imagem da empresa pública e redução do número de
passageiros.
Estamos
num quadro de emergência, na Linha do Oeste, face à incapacidade da
CP em dar resposta às reais necessidades do serviço de transporte
público de passageiros. E a cada dia que passa, a tendência é de
agravamento da situação, que não será ultrapassada pela supressão
de comboios e pela sua formalização em horários remodelados que
não atendem às reais necessidades dos utentes e que só contribuem
para afastar os passageiros da Linha.
Por
ser emergente a situação, justificam-se medidas urgentes e
excepcionais para, no imediato,
por
em funcionamento medidas alternativas que resolvam, com o comboio, a
supressão recorrente de horários, em todos os dias da semana. Na
opinião da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, a colocação
em circulação das locomotivas 1400, com uma ou duas carruagens,
poderá ser uma solução de curtíssimo prazo, até estar encontrada
e em condições de circular outra solução.
A
Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste considera muito preocupante
a presente situação, que poderá contribuir para afastar, de novo,
os passageiros da Linha e de nada servirá o projecto de
requalificação e modernização da Linha do Oeste, mesmo na sua
versão mais reduzida, de Meleças a Caldas da Rainha. Sem utentes,
de pouco servirá electrificar a Linha e por a circular novos
comboios.
O
Governo, no quadro de modernização da Linha do Oeste, não deveria
ter sido a sua electrificação da Linha do Oeste entre Meleças e
Caldas da Rainha, sem considerar a necessidade de aquisição de novo
material circulante para responder às necessidades presentes e
também às decorrentes da concretização do plano de modernização
que deverá ocorrer no início da década de 20.
Por
isso, é imperioso que:
Seja
encontrada uma solução urgente para o reforço do material
circulante de passageiros na Linha do Oeste, pondo cobro às
constantes supressões de comboios e à utilização de autocarros e
táxis em sua substituição, com baixos índices de resposta
alternativa;
A
CP possa concretizar, com a maior brevidade, o processo de aquisição
de novas composições de passageiros, considerando não só o
presente como o futuro da Linha.
Mesmo
sendo criticável a opção por uma modernização só pela metade,
esta já deveria ter o concurso lançado, para a obra de
electrificação do troço entre Meleças e Caldas da Rainha, o que
não sucedeu, fazendo resvalar a conclusão da modernização desta
parte da Linha do Oeste para depois do previsto, com graves
consequências para os utentes face ao que se está presentemente a
passar e que terá tendência a agravar-se, face à ausência de
medidas que travem a este processo.
Reafirma-se
a necessidade de, no imediato, planificar e encontrar o suporte
financeiro, para a electrificação do troço entre as Caldas da
Rainha e o Louriçal e aprovar um plano de modernização das
infraestruturas da Linha, ao longo de todo o seu percurso, melhorando
a informação e comodidade dos passageiros, nas estações e
apeadeiros.
A
Linha do Oeste, pelas potencialidades que apresenta e pela estrutura
instalada, assume-se como um eixo ferroviário da maior importância
no contexto da rede ferroviária nacional e das regiões que
atravessa e liga, podendo contribuir estrategicamente para o seu
desenvolvimento económico e social.
Neste
sentido, defende a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, a
assumpção pelo Governo de medidas políticas e orçamentais, que de
forma clara, contribuam de forma decisiva para a modernização e
requalificação da Linha do Oeste.
26/07/2018
A
CPDLO