30 julho 2018

CONCENTRAÇÃO DE UTENTES E AMIGOS
DA LINHA DO OESTE
PELA MODERNIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO
CONTRA A SUPRESSÃO DE COMBOIOS

No decorrer da concentração em frente ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas, no passado dia 26 de Julho, uma delegação da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, foi recebida por assessores do Ministro do Planeamento e do Secretário de Estado das Infraestruturas, a quem entregou um documento, intitulado "PREOCUPAÇÕES E PROPOSTAS SOBRE A LINHA DO OESTE", que fica aqui integralmente reproduzido.


PREOCUPAÇÕES E PROPOSTAS
SOBRE A LINHA DO OESTE


Exmo. Senhor
Ministro do Planeamento
e Infraestruturas


A Linha do Oeste continua sujeita à supressão de comboios, provocada pela falta de material circulante, cada vez mais envelhecido e sem possibilidade de reparação ou substituição, fazendo com que diariamente os passageiros fiquem sujeitos a períodos de espera prolongados pelo comboio seguinte ou sejam transportados em autocarros com percursos que demoram muitas das vezes o dobro do tempo, não respeitam os horários e encarecem os custos de exploração da CP.

Desde o início de 2017, os passageiros passam por um verdadeiro martírio, já que estão sistematicamente sujeito à incerteza de haver ou não haver comboio e sem qualquer informação ou pedido de desculpas por parte da CP porque, como se sabe, a grande maioria das estações e apeadeiros, estão encerrados ou não têm guarnição e é inexistente qualquer serviço electrónico de indicação dos horários, alterações ou supressões.

Quando se confirmava um consistente crescimento da procura de passageiros pela Linha do Oeste, com um crescimento entre 2013 e 2016 de mais de 70 mil utentes, começou a ocorrer um ciclo imparável de supressões de comboios, com início em Janeiro de 2017 que decorrido mais de ano e meio, não tem fim à vista, por ausência de condições da CP para resolver, no imediato, o gravíssimo problema da falta de material circulante.

Problema que era de todo previsível vir a surgir, porquanto dada a idade muito avançada do material circulante a diesel, a sua utilização abusiva por ausência de unidades suficientes e as dificuldades na sua manutenção e reparação, a ausência de investimento em novo equipamento, mais tarde ditariam períodos de crise aguda, como a que presentemente constatamos.

Ainda que parecendo contraproducente a aquisição de novo material circulante a diesel, face à estratégia de electrificação das vias férreas ainda não abrangidas, a realidade veio provar que teria sido de todo acertado dotar a CP dos meios necessários para a aquisição de novas composições, face aos atrasos significativos na concretização dos projectos de modernização das linhas férreas não electrificadas, como a do Oeste.

Ter-se-iam evitado prejuízos, constrangimentos, degradação do serviço prestado e da imagem da empresa pública e redução do número de passageiros.

Estamos num quadro de emergência, na Linha do Oeste, face à incapacidade da CP em dar resposta às reais necessidades do serviço de transporte público de passageiros. E a cada dia que passa, a tendência é de agravamento da situação, que não será ultrapassada pela supressão de comboios e pela sua formalização em horários remodelados que não atendem às reais necessidades dos utentes e que só contribuem para afastar os passageiros da Linha.

Por ser emergente a situação, justificam-se medidas urgentes e excepcionais para, no imediato,
por em funcionamento medidas alternativas que resolvam, com o comboio, a supressão recorrente de horários, em todos os dias da semana. Na opinião da Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, a colocação em circulação das locomotivas 1400, com uma ou duas carruagens, poderá ser uma solução de curtíssimo prazo, até estar encontrada e em condições de circular outra solução.

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste considera muito preocupante a presente situação, que poderá contribuir para afastar, de novo, os passageiros da Linha e de nada servirá o projecto de requalificação e modernização da Linha do Oeste, mesmo na sua versão mais reduzida, de Meleças a Caldas da Rainha. Sem utentes, de pouco servirá electrificar a Linha e por a circular novos comboios.

O Governo, no quadro de modernização da Linha do Oeste, não deveria ter sido a sua electrificação da Linha do Oeste entre Meleças e Caldas da Rainha, sem considerar a necessidade de aquisição de novo material circulante para responder às necessidades presentes e também às decorrentes da concretização do plano de modernização que deverá ocorrer no início da década de 20.
Por isso, é imperioso que:
  • Seja encontrada uma solução urgente para o reforço do material circulante de passageiros na Linha do Oeste, pondo cobro às constantes supressões de comboios e à utilização de autocarros e táxis em sua substituição, com baixos índices de resposta alternativa;
  • A CP possa concretizar, com a maior brevidade, o processo de aquisição de novas composições de passageiros, considerando não só o presente como o futuro da Linha.

Mesmo sendo criticável a opção por uma modernização só pela metade, esta já deveria ter o concurso lançado, para a obra de electrificação do troço entre Meleças e Caldas da Rainha, o que não sucedeu, fazendo resvalar a conclusão da modernização desta parte da Linha do Oeste para depois do previsto, com graves consequências para os utentes face ao que se está presentemente a passar e que terá tendência a agravar-se, face à ausência de medidas que travem a este processo.

Reafirma-se a necessidade de, no imediato, planificar e encontrar o suporte financeiro, para a electrificação do troço entre as Caldas da Rainha e o Louriçal e aprovar um plano de modernização das infraestruturas da Linha, ao longo de todo o seu percurso, melhorando a informação e comodidade dos passageiros, nas estações e apeadeiros.

A Linha do Oeste, pelas potencialidades que apresenta e pela estrutura instalada, assume-se como um eixo ferroviário da maior importância no contexto da rede ferroviária nacional e das regiões que atravessa e liga, podendo contribuir estrategicamente para o seu desenvolvimento económico e social.

Neste sentido, defende a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste, a assumpção pelo Governo de medidas políticas e orçamentais, que de forma clara, contribuam de forma decisiva para a modernização e requalificação da Linha do Oeste.

26/07/2018
A CPDLO

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